Aplicação de tecnologia na produção da carne bovina agrega qualidade e auxilia na evolução da cadeia produtiva | Frigorífico Astra

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Aplicação de tecnologia na produção da carne bovina agrega qualidade e auxilia na evolução da cadeia produtiva

Segundo mais importante segmento do agronegócio paulista, com um movimento anual de cerca de R$ 9,8 bilhões do valor da produção agrícola (VPA) do estado, a carne bovina foi o tema do debate da terceira live das cadeias produtivas do “Caminhos do Agro SP”, realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo em conjunto com a TV Cultura, InvestSP, Fundag e a iniciativa privada.

O estado é responsável por 10% dos abates nacionais, com aproximadamente 3,6 milhões de cabeças, ou seja, cerca de 930 milhões de kg de carne são processados por ano. Além disso, São Paulo é ainda o 3º maior exportador de gado vivo e o 2º maior de carne congelada, quando comparado aos volumes dos demais estados brasileiros.

“As atividades relacionadas à produção de carne bovina em São Paulo são de extrema importância para a economia do estado. Além disso, somos o berço de importantes tecnologias e pesquisas nos campos da genética e nutrição do gado, que colaboram com os bons resultados da pecuária nacional”, comentou o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira.

Dentre as tecnologias em destaque está o Boi 7.7.7., uma técnica que foi apresentada há 10 anos para o setor pelos pesquisadores Gustavo Rezende e Flávio Dutra do Polo Regional da Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), localizado em Colina, interior paulista. O conceito permite produzir mais e melhor em menos tempo, pois reduz a idade de abate dos animais e aumenta o peso de carcaça. O sistema tem como meta que o animal alcance sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, totalizando 21 arrobas no momento do abate, daí deriva o nome “Boi 7.7.7.”. Este resultado é obtido em dois anos, no máximo, e pode aumentar em até 30% a lucratividade dos produtores. No sistema tradicional de produção são necessários, no mínimo, três anos para o animal atingir 18 arrobas.

Seguindo o debate sobre a pecuária paulista, o encontro online contou com a participação do Diretor da MaximusFeedlot, Neto Sartor e do proprietário da Costa Consultoria e Assessoria Pecuária, Fernando Nemi Costa, que representaram o elo do confinador na cadeia produtiva.

Fernando Costa destacou a importância de o pecuarista entender a diferença entre confinamento e produção a pasto, com custos e rentabilidades ainda mais distintas. “O confinamento é muito mais intensivo, por isso temos maior previsibilidade e certeza dos custos de produção e dos ganhos dos animais. Com a produção a pasto a previsão desses fatores é mais incerta”.

Responsável pela administração especialmente de dietas e compra de insumos de cerca de 300 mil cabeças de gado, Costa ressalta que em um confinamento são necessários cerca de 100 dias para atingir as 7 arrobas previstas no período da terminação do conceito do Boi 7.7.7., enquanto na produção a pasto seriam necessários de 17 a 18 meses para alcançar os mesmos resultados. “Neste sentido pode-se dizer que o confinamento é menos rentável ao pecuarista, por conta do maior investimento na nutrição do gado, mas a previsibilidade garante maior segurança no final do processo de produção”, explicou.

Outro ponto de importância para a atividade são as negociações com os frigoríficos, que são os primeiros clientes dos pecuaristas. Para Neto Sartor, o pecuarista deve sempre ter em mente o tamanho da operação da propriedade para definir se deve ou não fechar um contrato de fornecimento com um frigorífico para vender sua produção ou se é vantagem seguir a negociação lote a lote. “Hoje abatemos cerca de 45 mil animais por ano, o que representa uma média de 4 mil animais por mês. Para uma operação como essa, a negociação por lote se torna inviável, pois precisamos dar vazão ao volume de bovinos terminados semanalmente, o que atravancaria a produção, ainda mais em um ano atípico como esse. Seria um cenário muito arriscado para uma produção grande como a nossa”, afirmou Sartor.

Quando questionados quanto à evolução da pecuária nos últimos anos e como avaliam a atividade hoje, os convidados destacaram os investimentos promovidos em pesquisas nos últimos dez anos e como impactaram diretamente na produção de carne bovina no estado. “O crescimento na última década foi a galope. Passamos a preparar melhor o animal, com foco na qualidade. Estamos em um bom caminho”, destacou Costa.

“Evoluímos bastante, mas ainda temos um longo caminho a seguir. A falta de padronização da carne que chega aos frigoríficos ainda é um gargalo, mas acredito que, apesar de estarmos no meio do caminho, a evolução será mais rápida”, enfatizou Neto.

A tecnologia a favor da qualidade

Na segunda parte da live, o Secretário Gustavo Junqueira recebeu para uma conversa sobre tecnologia na produção da carne o CEO do Frigol, Marcos Paletta Camara, representando a indústria, e o fundador e curador da Churrascada Brasil e sócio da Fazenda Churrascada, Gustavo Bottino, representando o consumo.

Para o CEO da Frigol, a tecnologia é hoje um insumo inerente a qualquer atividade que queira oferecer ao consumidor um produto responsável e de qualidade. “Esse conceito está diretamente ligado a outro muito forte que é a sustentabilidade. Investir neles é hoje uma necessidade da indústria”.

A empresa implementou em suas unidades a rastreabilidade, tecnologia que permite acompanhar o caminho da carne que será adquirida pelo consumidor desde sua origem na fazenda até a gôndola dos supermercados. “Hoje 100% dos animais que entram em nossas plantas são rastreados, fator que faz parte das melhores práticas de produção de proteína animal no Brasil e no mundo. Além disso, tornou a relação do frigorífico com o produtor mais confiável e profissional, tendo em vista que o sistema permite ao pecuarista acompanhar, de um dispositivo próprio, em tempo real, todos os processos a que o animal é submetido”, explicou Camara.

Com o olhar de consumidor final, Bottino destacou que atualmente as pessoas estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade da carne oferecida. “Estou há mais de 10 anos neste setor e posso dizer que antigamente, se o corte oferecido ao cliente não atendesse certos padrões, ele dificilmente reclamaria. Mas hoje é comum que devolvam o prato, pois estão aprendendo que o produto tem que ser cada vez melhor”.

Para ele, a padronização ainda é um fator que atrapalha o padrão de qualidade da carne brasileira, dificultando o reconhecimento internacional. “Este é um ponto fundamental e também um desafio para o setor, mas temos todos os elementos para superar esse obstáculo e tornar a carne brasileira uma referência no mundo”.

“Temos uma diversificação muito grande na produção de carne no Brasil. Um cenário de diferenças regionais e técnicas. O setor tem um desafio muito grande daqui para frente de conquistar o hábito e o prazer do consumidor para que ele opte sempre pelo produto brasileiro”, reforçou Junqueira.

“Estamos vivendo um ano muito atípico. Começamos 2020 com a palavra frustração muito presente, mas no agro, com o caminhar dos meses, ela acabou se transformando em satisfação. E esse é o resultado do trabalho do protagonista do agro brasileiro: o empresário, o pecuarista, o produtor rural. São eles que realmente aplicam as tecnologias desenvolvidas nas pesquisas, assumindo todos os riscos”, finalizou o Secretário.

Fonte: Segs 

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